terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cinema, a montanha e Maomé

Olá,
acredita que tivemos que viajar para assistir Madagascar 2? Daí o título, se o Cinema não vem até nós, nós vamos até a montanha, digo, Cinema. Enfim... Entendeu?

É que aqui na Suíça não existe filme de censura livre. Todos têm classificação e daí fica difícil levar criança ao cinema. O pior é que a Leila adorava.

Por trás disso tem toda uma questão cultural (muitos acham que crianças não deviam assistir televisão, imagina ir ao cinema). A idéia é que uma criança muito pequena, além de não estar madura para assistir a um filme, vai atrapalhar quem realmente quer assistir.

Eu não concordo. Se o filme é de criança e o adulto não quer ser incomoda, pois que vá a noite em um legendado (era o que eu fazia quando ia ver animações no Brasil e ainda não tinha filho).

Choque cultural à parte, a censura para Madagascar 2, em Zurique, é de 6 anos. Como cada cantão (não sei se fica mais para estado ou para província) decide a sua classificação, fomos para Zug, 40 minutos de trem, onde a idade permitida era 4 anos.

A cidade é uma gracinha e valeu a viagem, apesar do frio congelante. O cinema é pequeno, mas muito confortável. Cadeiras numeradas, intervalo para o lanche (aqui sempre tem intervalo). Na Itália tem também. Não afirmo que é em toda a Europa pq só fui a cinemas nestes dois países. rs

As criança e o comportamento delas também é um capítulo à parte. Super quietinhas, rindo só quando era para rir, prestando atenção, sem conversinhas paralelas. E eu e o Ênio, rindo na hora que os outros riam... de desespero. rs Não deu para entender muita coisa não, ainda bem que o roteiro não era assim tãooooooo complexo. A experiência valeu e nós vamos voltar lá em janeiro para assistir a outra animação.

Um abraço,
Carol











sábado, 6 de dezembro de 2008

O Natal na Suíça

Oi pessoal,
o último dia 6 foi o dia de Santa Chlaus (Sami Chlaus), um dia muito importante aqui na Suíça, acredito que quase tão importante quanto o próprio natal. Por aqui, o tal do Papai Noel é um completo desconhecido e, embora as roupas do Sami sejam vermelhas e a sua barba seja branca, ele não é gorduxo e nem bonachão. Ele também não dá presentes, pelo menos não os que a gente está acostumado. É o seu ajudante (
schmutzli) quem distribui amendoins, nozes e frutas frescas para as crianças.

A lenda, ou uma das lendas, diz que o schmutzli era um lenhador pobre (por isso suas vestes são sujas e sua aparência mal cuidada) que salvou o natal ao recolher os presentes (lembra que o bom velhinho era um bispo rico e que ajudava, sempre na calada da noite, moças e famílias em dificuldade com quantias em dinheiro?) que o Sami Chlaus tinha deixado cair no caminho. A gratidão do Santo foi tão grande, que permitiu que o lenhador o acompanhasse e o ajudasse a distribuir as prendas deste então. Até aí tudo bem. Agora, a lenda também diz que, quando o tal lenhador já distribuiu todos os amendoins e frutas, ele pega os meninos que não foram bons durante o ano e os enfia no saco. Ãh? É ele sim. O nosso temido "homem do saco". rs Eu ouvi muitas vezes a mamãe dizer "não vai para longe que o homem do saco te pega", mas nunca pensei que existisse algo do tipo por aqui também. rs Isso aí a lenda não explica não.

Como eu disse antes, o apelo comercial do Natal aqui não é assim tão grande. As pessoas gostam mesmo é da simbologia. E nós, como bons imigrantes, resolvemos entrar na onda dos suíços. Decidimos comemorar o tal dia de Sami Chlaus indo conhecer o homem pessoalmente, na sua casinha no meio da floresta.

Fomos nós, nossa filhota linda e dois casais amigos. Claro que nunca passou pela minha cabeça um lugar, com o papai noel e um monte de crianças sem nada para vender. Achei que ia ter, pelo menos, um banquinha vendendo café e outra de salsicha (todo evento aqui tem café e salsicha). Acontece que eu me enganei completamente. No caminho, debaixo de chuva, floresta acima, a gente já escutava o grito e os risos das crianças (Oba, pula-pula, algodão-doce, piscina de bolinha, eu pensei). Nada, era só a casa e a criançada se acabando de correr na lama, todos com roupas especiais e marrons de tanta sujeira, rindo e se acabando de comer... amendoim e frutas. Inacreditável. A bebida? Uma espécie de quentão com álcool para os adultos e outro quentão sem álcool para as crianças.

Olhei para um lado, para o outro. Meio decepcionada, lá fui eu para a fila. Estava lá e ia ver o homem nem que demorasse uma eternidade. Os amigos e o maridão, debaixo de chuva, já estavam impacientes. E nada da fila andar. Uma casa tão pequenininha? O que tem tanto para ver? 15 minutos depois, a fila anda. Entramos em uma sala pequena, a luz de velas.
Nada muito enfeitado, o importante era o homem e a sua apresentação. Sem colinho, beijinho e tchau. Ele contou, para uma platéia atenda de criancinhas incrivelmente interessadas, sobre o Natal e seus significados. As crianças adoraram. Ele era um verdadeiro ator e conduziu tudo de maneira muito agradável. Na saída, os ajudantes deram mais amendoins e frutas. E eu fiquei com aquela impressão de que quem sabe mesmo se divertir são esses suíços. rs Não gastamos nada e a Leila ficou tão feliz, só não ficou mais feliz porque a mãe é brasileira e não foi para a lama com ela.


Abaixo fotos de divulgação, eu não consegui tirar nenhuma.

Obrigada a todos que comentaram o post passado, é muito bom conhecer alguns de vocês e saber notícias de outros, que também acompanho a tanto tempo.

Um beijo,
Carol