segunda-feira, 23 de junho de 2008

Longe de casa, há mais de uma semana.... 3 meses


Oi gente,
estamos há três meses em Zurique. Nesse tempo, vivemos uma vida. Alugamos um apartamento e construímos um lar. Reaprendemos coisas simples como limpar a casa, cozinhar, usar o transporte público, jogar o lixo fora... A lista vai longe. rs É como se tivéssemos nascido novamente, mas agora juntos, como família. Cada um vivendo a sua experiência, única e particular, mas compartilhando as angústias e as vitórias.

O que mudou na minha vida? Absolutamente tudo. Só ficou o marido e a filha, de resto... Acho que fica mais fácil entender o tamanho da mudança com um esquema simples de tinha e não tem mais. rs

Eu tinha:
Carro
Emprego
Colegas
Amigos
Empregada (que saudades)
Família (moravam longe, mas não tão longe)

Viu o tamanho da mudança? E não venha me dizer que o importante é SER e não TER. rs Eu sei disso. Por isso estou aqui, encarando uma boa faxina. Mas sou gente, né? Tenho saudades, sim, da mordomia, da picanha, do chopinho, dos papos filosóficos com os queridos amigos e colegas de trabalho.

Além disso, com a mudança de país, eu entendi que o TER é, sim, bastante relacionado ao SER. Eu, por exemplo, sou outra pessoa, muito em função do eu sempre tive e não tenho mais e do que eu nunca tive e agora tenho. A estrutura da minha vida mudou e, não tem como, continuar sendo a mesma Carol no meio desse furacão.

Sempre fui firme, determinada, nervosa, estressada, algumas vezes até agressiva, querendo sempre ter razão. Aqui descobri que também sou frágil e que sei ser suave. Agora sei reconhecer que preciso de ajuda e encontrar no Ênio esta força, que eu simplesmente não sabia que existia. Aqui, nós revimos os nossos conceitos, sobre o mundo e sobre nós mesmos.

Sou uma mãe diferente. Vendo como as crianças daqui são soltas e independentes, já consigo ver que a Leila não é um bb. Ela me ajuda a lavar as verduras, arrumar a mesa, guarda as roupinhas e sapatos quando chega da rua... Enfim, eu entendi que ela pode, ela é capaz. Com isso, ela se sente mais segura de si e muito mais feliz.

No Brasil a gente via muita TV, aqui a gente brinca mais. Um dos motivos é a mentalidade local, que acaba contaminando a gente. rs TV aqui é quase um pecado. O ideal, segundo eles, é meia hora por dia. O estado oferece muitas coisas a preços módicos (nada aqui é de graça) para entretenimento da família. Além disso, tem sempre um parquinho, um bosque, uma piscina pública por perto. Só fica em casa quem quer.

Não ter carro e nem empregada me obriga a fazer tudo com a Leila. Isso tem nos tornado muito mais companheiras. Com isso, eu também passei a me incomodar com coisas que não me atrapalhavam tanto no Brasil. Vamos dizer que as birras dela só eram inconvenientes nos finais de semana, então a gente ia deixando passar. rs Aqui eu fui obrigada a chamar mais a atenção e ela está se comportando muito melhor agora que sabe exatamente o que esperamos dela.

Também eu estou me comportando melhor. rs Eu também fiquei menos mimada. Menos voluntariosa. Eu também aprendi que nem tudo é quando a gente quer, do jeito que a gente quer. Essa nova vida, que está só no começo, já me transformou completamente. Pelo menos por enquanto, as mudanças estão sendo para melhor. rs


Um abraço,
Carol.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Exames médicos - caroooooooooooooo

Oi pessoal,
hoje fizemos os nossos exames médicos na única médica credenciada aqui em Zurique. Médica legal, atendimento 100%, todos os procedimentos foram feitos lá mesmo no consultório, mas a facada foi mortal. rs CHF 1590,00. Ai. Até doeu. O importante é que está feito. Foi muito engraçado o exame de vista e de audição da Leilinha. Ela não queria falar. rs Estava se divertindo com a nossa cara. Mas, no final mostrou que está tudo OK.
Agora é esperar pelo pedido de passaportes e ver o que vamos fazer para enviá-los com segurança para São Paulo. Também precisamos preencher os fomulários pedidos pela Maria João. Estamos com um probleminha no preenchimento, uma vez que eu fui ver todos os 5 apartamentos em que morei desde os 18 anos, escrevi os endereços e mandei cópia única para o consulado, que por sua vez, se recusa a reenviar a cópia.

Um abraço,
Carol

segunda-feira, 2 de junho de 2008

E a Leilinha?

Oi gente,
estou cada vez mais apaixonada por Zurique e um dos motivos desse amor todo é perceber o quanto a cidade está fazendo bem para a nossa família e, principalmente, para a nossa filha. Acredito do fundo do meu coração que a Leila nunca foi tão feliz. E olha que essa menina já nasceu com uma vocação incrível para a felicidade. rs

Em Brasília ela ia à escolinha todos os dias pela manhã, se divertia, aprendia. Depois voltava para casa. Almoçava, daí eu chegava. A gente se curtia. Ela via TV. A gente "descia" no bloco ou ía ao shopping, ou nós ficávamos morgando juntinhas. Tudo muito restrito ao espaço da casa e adjacências. Tirando o parque da cidade, com o parquinho Ana Lídia e o Pontão, a gente não tinha muita opção de espaço público para a diversão da família.

Era tudo muito indoor. Tudo controladinho, fechadinho, para nos dar a impressão de segurança. Andar à pé? Com aquele tanto de buraco na calçada. Aliás, que calçada? De ônibus? Só se estivesse maluca. Era do carro para o shopping, do carro para o clube, do carro para o parque. E sempre gritando, sempre neurótica. rs Olha o carro. Não corre no estacionamento. Me dá a mão. Perto de mim. Nunca, em hipótese alguma fique longe dos meus olhos... Aqui o clima é outro. O jeito é outro. E as coisas funcionam. rs As mães não ficam o tempo todo de olho. Tem quem deixe as crianças (4, 5 aninhos) brincando no parque e vai caminhar.

Em Zurique a criança só entra na escolinha a partir dos 4 e meio, 5 anos, depende da data de nascimento. Eles consideram muito importante esses primeiros anos na companhia constante dos pais. Só sobra a opção de creche que são, na sua maioria, para quem trabalha ou para estrangeiros que precisam que os filhos tenham contato com a língua local. Existe ainda a opção do spielgruppe (grupo de brincadeira). Onde as crianças ficam duas a três horas por semana, com brincadeiras dirigidas. Também são bons para o aprendizado da língua. A nossa escolha foi pela creche. Como não trabalho, e também porque é muito caro ('130 francos por dia), ela fica lá dois dias por semana.

Sabe aqueles passeios que as escolinhas fazem com as crianças duas vezes por ano, mediante autorização por escrito dos pais? Pois é. Aqui é todo o dia. As crianças saem, de manhã e a tarde, todos os dias. Sozinhas com as professoras. Os bebes vão nos carrinhos, os grandinhos vão em fila. Sempre à pé. Atravessam ruas, sobem ladeira, pegam chuva. E o coração de mãe? Fica na mão, bem apertadinho. Mas logo a gente se acostuma e vê o quanto eles ficam felizes. Sempre que vou buscar a Leila ela me olha e fala "Ai mãe, foi tão divertido". Isso gente, não tem preço.

Os dias que ela não vai ao Kinderkrippe (creche), a gente vai aos parquinhos aqui perto de casa. PÚBLICOS, LIMPOS E LINDOS. Se estamos afim, pegamos o ônibus e vamos a outros parquinhos. Eles existem aos montes por aqui. Um melhor que o outro. Todos diferentes entre si, mas muito bem cuidados. Agora ela leva com ela a sua mais nova aquisição: um patinete. Só ela não tinha. rs Já vi crianças de 2 aninhos mandando ver nas três rodinhas. Tomei coragem e não me arrependo.

Ela fica cada dia mais independente e eu fico cada dia menos sobrecarregada, menos estressada. Resultado, minha filha cada dia mais e mais feliz.

Vejam as fotos de alguns dos parquinhos que freqüentamos aqui,

Um abraço,
Carol