terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cinema, a montanha e Maomé

Olá,
acredita que tivemos que viajar para assistir Madagascar 2? Daí o título, se o Cinema não vem até nós, nós vamos até a montanha, digo, Cinema. Enfim... Entendeu?

É que aqui na Suíça não existe filme de censura livre. Todos têm classificação e daí fica difícil levar criança ao cinema. O pior é que a Leila adorava.

Por trás disso tem toda uma questão cultural (muitos acham que crianças não deviam assistir televisão, imagina ir ao cinema). A idéia é que uma criança muito pequena, além de não estar madura para assistir a um filme, vai atrapalhar quem realmente quer assistir.

Eu não concordo. Se o filme é de criança e o adulto não quer ser incomoda, pois que vá a noite em um legendado (era o que eu fazia quando ia ver animações no Brasil e ainda não tinha filho).

Choque cultural à parte, a censura para Madagascar 2, em Zurique, é de 6 anos. Como cada cantão (não sei se fica mais para estado ou para província) decide a sua classificação, fomos para Zug, 40 minutos de trem, onde a idade permitida era 4 anos.

A cidade é uma gracinha e valeu a viagem, apesar do frio congelante. O cinema é pequeno, mas muito confortável. Cadeiras numeradas, intervalo para o lanche (aqui sempre tem intervalo). Na Itália tem também. Não afirmo que é em toda a Europa pq só fui a cinemas nestes dois países. rs

As criança e o comportamento delas também é um capítulo à parte. Super quietinhas, rindo só quando era para rir, prestando atenção, sem conversinhas paralelas. E eu e o Ênio, rindo na hora que os outros riam... de desespero. rs Não deu para entender muita coisa não, ainda bem que o roteiro não era assim tãooooooo complexo. A experiência valeu e nós vamos voltar lá em janeiro para assistir a outra animação.

Um abraço,
Carol











sábado, 6 de dezembro de 2008

O Natal na Suíça

Oi pessoal,
o último dia 6 foi o dia de Santa Chlaus (Sami Chlaus), um dia muito importante aqui na Suíça, acredito que quase tão importante quanto o próprio natal. Por aqui, o tal do Papai Noel é um completo desconhecido e, embora as roupas do Sami sejam vermelhas e a sua barba seja branca, ele não é gorduxo e nem bonachão. Ele também não dá presentes, pelo menos não os que a gente está acostumado. É o seu ajudante (
schmutzli) quem distribui amendoins, nozes e frutas frescas para as crianças.

A lenda, ou uma das lendas, diz que o schmutzli era um lenhador pobre (por isso suas vestes são sujas e sua aparência mal cuidada) que salvou o natal ao recolher os presentes (lembra que o bom velhinho era um bispo rico e que ajudava, sempre na calada da noite, moças e famílias em dificuldade com quantias em dinheiro?) que o Sami Chlaus tinha deixado cair no caminho. A gratidão do Santo foi tão grande, que permitiu que o lenhador o acompanhasse e o ajudasse a distribuir as prendas deste então. Até aí tudo bem. Agora, a lenda também diz que, quando o tal lenhador já distribuiu todos os amendoins e frutas, ele pega os meninos que não foram bons durante o ano e os enfia no saco. Ãh? É ele sim. O nosso temido "homem do saco". rs Eu ouvi muitas vezes a mamãe dizer "não vai para longe que o homem do saco te pega", mas nunca pensei que existisse algo do tipo por aqui também. rs Isso aí a lenda não explica não.

Como eu disse antes, o apelo comercial do Natal aqui não é assim tão grande. As pessoas gostam mesmo é da simbologia. E nós, como bons imigrantes, resolvemos entrar na onda dos suíços. Decidimos comemorar o tal dia de Sami Chlaus indo conhecer o homem pessoalmente, na sua casinha no meio da floresta.

Fomos nós, nossa filhota linda e dois casais amigos. Claro que nunca passou pela minha cabeça um lugar, com o papai noel e um monte de crianças sem nada para vender. Achei que ia ter, pelo menos, um banquinha vendendo café e outra de salsicha (todo evento aqui tem café e salsicha). Acontece que eu me enganei completamente. No caminho, debaixo de chuva, floresta acima, a gente já escutava o grito e os risos das crianças (Oba, pula-pula, algodão-doce, piscina de bolinha, eu pensei). Nada, era só a casa e a criançada se acabando de correr na lama, todos com roupas especiais e marrons de tanta sujeira, rindo e se acabando de comer... amendoim e frutas. Inacreditável. A bebida? Uma espécie de quentão com álcool para os adultos e outro quentão sem álcool para as crianças.

Olhei para um lado, para o outro. Meio decepcionada, lá fui eu para a fila. Estava lá e ia ver o homem nem que demorasse uma eternidade. Os amigos e o maridão, debaixo de chuva, já estavam impacientes. E nada da fila andar. Uma casa tão pequenininha? O que tem tanto para ver? 15 minutos depois, a fila anda. Entramos em uma sala pequena, a luz de velas.
Nada muito enfeitado, o importante era o homem e a sua apresentação. Sem colinho, beijinho e tchau. Ele contou, para uma platéia atenda de criancinhas incrivelmente interessadas, sobre o Natal e seus significados. As crianças adoraram. Ele era um verdadeiro ator e conduziu tudo de maneira muito agradável. Na saída, os ajudantes deram mais amendoins e frutas. E eu fiquei com aquela impressão de que quem sabe mesmo se divertir são esses suíços. rs Não gastamos nada e a Leila ficou tão feliz, só não ficou mais feliz porque a mãe é brasileira e não foi para a lama com ela.


Abaixo fotos de divulgação, eu não consegui tirar nenhuma.

Obrigada a todos que comentaram o post passado, é muito bom conhecer alguns de vocês e saber notícias de outros, que também acompanho a tanto tempo.

Um beijo,
Carol






quinta-feira, 27 de novembro de 2008

30 mil acessos

Oi gente,
hoje eu quero agradecer a vocês que freqüentam o nosso blog. São três anos de constantes aventuras, desabafos, informações... Três anos nos quais nós vivemos muito e, vocês, por meio de seus comentários e dos e-mails que mandaram para nós, nos ajudaram a continuar e a chegar lá. Não no Canadá, nosso primeiro destino sonhado, mas na Suíça. Miramos no peixe, acertamos no gato. rs

Estar aqui nunca foi o nosso objetivo específico. Queríamos morar em um lugar seguro, onde nossa filha pudesse viver com tranqüilidade, queríamos a experiência de viver em outro país, queríamos viver e trabalhar em outra língua, com pessoas de outras culturas. Queríamos uma cidade multicultural (por isso pensamos em Toronto)... E tudo que a gente queria foi atendido, só que em outro continente.

Pensei em finalizar o blog, então chamado Brancas Nuvens Canadá. Depois pensei melhor e vi que ele já não era mais sobre um processo, já fazia tempo que ele era sobre uma família (a longa espera pelo visto para o Canadá acaba desvirtuando a maioria dos blogs que conheço). Era sobre a minha família. Sobre como nós não queríamos passar em brancas nuvens. Então o nome mudou, o foco mudou e vocês continuaram. Graças a Deus.

No início o Ênio tinha medo da exposição das nossas vidas. Nada de fotos, nada de detalhes. Nada de nada. Hoje ele vê, assim como eu, que este blog só nos fez ganhar. Ganhamos amigos, ainda que virtuais e conhecemos pessoas ímpares. Uma dessas pessoas é a Ninha que, por pura bondade, está nos ajudando a finalizar o processo para o Canadá e é responsável pelo envio de uma última certidão de antecedentes. Nós nunca nos vimos, eu pedi socorro e ela atendeu. Assim, simples.

E é por essas e outras que eu gostaria de conhecer não alguns dos nossos visitantes, mas todos e, copiando a idéia de outra blogueira querida, agostaria de pedir que vocês se identifiquem, mesmo os que pouco comentam, deixem seus e-mails, me digam quem são e como chegaram aqui. Isso seria um presente e tanto de Natal. rs Se não se sentirem seguros em deixar essas informações nos comentários, podem me enviar por e-mail (brancasnuvensca@hotmail.com).

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Minha primeira vez

Olá,
hoje é um dia muito especial para mim, acredito que para nós. rs Foi a primeira vez que vimos a neve, aquela boa, de verdade, que afunda o pé. Ontem de manhã tinha um pouquinho de neve, mas bem pouquinho. rs
Jecas que somos, abrimos a janela quase 23 h (um absurdo para os padrões suíços de silêncio) e ficamos olhando, que nem menino. rs Esquecemos até do frio. Era cada flocão de neve caindo. A vontade era de sair correndo e me atirar na neve, mas não tinha como deixar a Leila dormindo e também, admito, tenho uma certa vergonha dos vizinhos. Ficamos só olhando, com aquele sorriso bobo no rosto. Acho que pensamos juntos "Estamos na Suíça". Que sonho bom é esse?
Hoje cedo fomos levar a Leila na escolinha. Ela ria o tempo todo e dizia para mim "mãe, a neve é para brincar, para correr, para jogar, para se divertir". rs Expliquei que ela ia fazer isso mais tarde, com os amiguinhos (como disse em outro post, faça chuva, sol ou neve, as crianças saem para passear e brincar). Ela está encantada. Acho que eu estou tão encantada quanto ela, a diferença é o tal do filtro da idade que faz a gente ter vergonha depois dos 20 (e só aumenta depois dos 30).
A vizinha do andar de cima, suíça, já viu milhares de vezes, mas fez questão de comentar comigo o quanto a neve estava linda e disse que ela também abriu a janela (eu escutei) para ver nevando. rsCéu azul, menos 1 de temperatura, uma neve branquinha cobrindo todo o "meu" quintal, café com leite. Me belisca?
Beijo grande,
Carol








quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Adventskalender


Oi gente,
o Natal pelas bandas de cá está cada vez mais bonito e interessante. Aqui, as datas comerciais não têm um apelo tão grande quanto no Brasil e, acredito, nos EUA e América, mas são cheias de significados e tradições.
Uma delas é o tal do Adventskalender. Ele faz parte da preparação para o Natal e consiste em 24 caixinhas, saquinhos bolinhas, meias ou seja lá o que você quiser inventar, numeradas aleatóriamente, na precisa ser em ordem. Dentro de cada uma, uma surpresa. Pode ser qualquer coisa. Do dia primeiro até o dia 24 de dezembro, a criança da casa abre uma "portinha", assim a espera pelo grande dia fica mais tranqüila.
A Leila ganhou um, do tipo comprado, cheio de chocolates. rs Vamos ver como vai ser depois que abrirmos a primeira porta. rs
Para os adultos também tem um ritual de espera. Infelizmente, a gente espera sem surpresinha. rs A espera consiste em organizar um arranjo de mesa com o sempre verde e quatro velas (me esqueci do nome do tal do arranjo), originalmente as velas deveriam ser vermelhas. A cada semana você acende uma vela, até que, no Natal, elas estejam queimando juntas.

Um abraço,
Carol

obs.: A neve está chegando. rs Parece que vai nevar esse final de semana.

domingo, 16 de novembro de 2008

Patinar

Oi pessoal,
ontem fomos eu, Ênio e Leila até um ringue de patinação aqui perto de casa. Fomos arriscar, mas naquela esperança grande de que fosse fácil. Ia ser lindo. Nossa primeira vez, dos três. rs Chegamos felizes e saltitantes e saímos derrotados. Tive que tirar a Leila de lá na marra, a danadinha adorou. E queria mais e mais andar com o andador que tem para crianças. O problema é que não tem andador para mães e pais. rs Eu não sei quem estava mais apavorado, grudado na parede e gritando para a Leila também não se afastar. Acho que o medo maior era meu mesmo. Fiquei orgulhosa da pequena e morrendo de raiva de mim. Quanta covardia. Na próxima a tia Monique vai junto e a minha pimpolha vai poder brincar à vontade. 
De minha parte, encontrei uma pista de patinação do tamanho da minha coragem (4X4) e vou lá na segunda-feira, sozinha, tentar novamente.

Beijos,
Carol

obs. Post sem foto por razões que vão além da nossa vontade. Sem conseguir desgrudar da parede ficou difícil fotografar. 

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Lugano



Swiss miniatura. Tudo falso. Tão real. rs


Criança feliz.




Funiculare





Itália? Não Ticino.

Carinho de vovó.






Vovô.



Vovó.

Eis que chega a calmaria

Oi gente,
fiquei um tanto sumida em função das visitas. Muita gente, pouco tempo. Foi um mês corrido, com direito a viagem pela Europa e tudo. rs Oito adultos, uma criança, muitas malas... delícia. Talvez fosse melhor se fosse no verão, mas foi gostoso assim mesmo.

Meu pai, ventania, passou apenas 3 dias em Zurique, doido para ficar ou, como disse a Adriane, amiga dele, para me levar. rs Acabou que Deus é tão bom que quando chegamos em Paris ele estava lá e, melhor que isso, deu um problema com o hotel que a gente tinha reservado e acabamos ficando com ele, no mesmo hotel. Isso sim foi inacreditável. Tãoooooooooo bom poder curtir ele mais três diazinhos. Tão rápido.

Enfim, passamos por Paris (lindo, lindo), Bruxelas (ainda volto), Amsterdã (eu não volto) e Monique (dizem que as cervejas são muito boas, mas a sortuda aqui estava tomando remédio). A Leila curtiu cada minuto com a família. Fiquei até preocupada, achando que ela iria ficar triste quando todo mundo fosse embora, mas ela me surpreendeu positivamente mais uma vez. É como se nada tivesse acontecido. Voltou a ser a Leilinha de sempre, calminha, lindinha, dormindo cedo.... Enfim, entendeu que as férias acabaram. Já eu.... Ave Maria. Parece que levei uma surra. A saudade da minha mãe é tão grande que chega a cansar o corpo. Ela foi embora no sábado, no domingo eu acordei com uma dor nas costas daquelas de matar. Na segunda, limpei a casa e dormi quase três horas seguidas.

A única coisa boa é o silêncio. rs Ontem fiquei na cama, olhos fechados, só ouvindo o silêncio. Um mês com o Brasil dentro de casa e já estava ficando surda. rs Será que estou ensuíçando?

Ainda esta semana vou postar umas fotinhas.

Abraço,
Carol

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Família e, família a, famíliaaaaaaaaaaa

Oi pessoal,
demorei a escrever novamente no blog pq estava mal. Agora vamos receber uma verdadeira injeção de ânimo. Nossos pais e mais agregados estão chegando. São minha mãe, meu pai, um tio e uma amiga do meu pai, o pai do Ênio, a mãe dele, o irmão dele e o primo com a esposa. rs Tudo este mês. Imagina acomodar todo mundo no nosso apartamento. rs A primeira leva, 4, chegam no sábado. Mais três chegam na segunda e depois de uma semana chega o resto. Muito bom. Eu estava precisando.

Um abraço,
Carol

sábado, 27 de setembro de 2008

Hoje eu morri um pouquinho

Hoje uma parte da minha vida me deixou. Fiquei manca. Perdi um braço, uma perna e um pedaço grande do meu coração. Hoje perdi a Luana. Minha amiga-irmã.

Essa vida louca nos afastou fisicamente tantas vezes. Tantas vezes eu pensei nela. Lembrei das nossas tardes ouvindo Rita Lee, comendo chocolate e sonhando com os nossos príncipes encantados, que só surgiriam nas nossas vidas dez anos depois.

Lembrei das nossas inseguranças e das nossas seguranças. Da força que uma dava para outra, do carinho. Ela me chamava de cafezinho. Dizia que não podia viver sem duas coisas, café e eu. Tantas histórias e tão bonitas. Tanto amor, tanto amor.

Vivemos muito, curtimos muito. Agora era a hora da colheita. Não entendo como pode, agora, na calmaria, vir essa doença e arrancar a vida dela. Tirar ela do mundo sem ter tido tempo sequer de ser mãe.

A dor é tão grande que rasga. Rasga o peito, a alma. E é raiva, raiva de travar os dentes. Raiva de não ter estado mais com ela. Raiva de não ter ligado semana passada. Raiva de não ter dito, uma última vez que a amava. Raiva de mim e do mundo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Primeiro diálogo em alemão - pagação de sapo


Oi gente,
bem que eu gostaria de dizer que quem pagou o sapo fui eu, mas na verdade me pagaram um sapo gigante. rs O pior é que foi tudo em alemão, ficando ainda mais difícil fazer algo mais que engolir o danado. Minha parte do diálogo foi "Ja" "Ja" "Tut mir leid"(desculpe). Estou com vergonha até agora. Sabe aquela vergonha que dói o estômago. Aquela que trava os dentes. Aquela que deixa a face vermelha. É ela mesmo.

Acontece que desde que cheguei aqui, neste apartamento (quatro meses) eu lavo a minha roupa no dia certo, no horário certo e do jeito certo, para não dar motivo de reclamação para esses "suíços chatos". rs Acontece que nem eles são assim tão chatos e nem eu sou assim tão correta.

Como não sei ler (aqui sou uma semi-analfabeta), não tinha entendido as regras da lavagem. Eu achava que podia lavar a roupa das 7h da matina até às 18, no primeiro e no segundo dia de lavagem (quem acompanha sabe que os dois dias são seguitos e acontecem apenas uma vez por mês). Por isso mesmo, não me preocupava em entregar a porcaria da chave para a vizinha (velhinha de humor azedo) às 18h do meu último dia. Afinal a velha só poderia usar a máquina no outro dia às 7h. Ledo engano, ela pode usar a máquina das 18h às 21 do dia em que eu entrego a chave. Por causa desses 3 horas que ela estava perdendo nos últimos 4 meses e também porque não sabia que tinha que varrer a sala de secagem (apelidada por mim de quarto dos horrores), levei a maior pagada de sapo da minha vida. Pelo menos eu acho, já que só desta vez eu não consegui me defender como gostaria. A parte boa é que eu entendi cada palavrinha, a ruim é que acho que não vou conseguir nem dormir hoje de tanta raiva e vergonha. Vou tentar ser mais compreensiva com a minha filha porque agora eu sei como ela se sente impotente quando eu dou um sabão nela.

Um abraço,
Carol

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Arranjei um pediatra surdo

Oi gente,
cada dia é uma aventura neste caminho que a gente escolheu. Desde que cheguei aqui, o meu entendimento do inglês melhorou muito (posso dizer que entendo 98% do que as pessoas dizem), por outro lado, o falar, que já estava enferrujado no Brasil, aqui ficou ainda mais complicado. Acabo metendo sempre uma ou outra palavra de alemão no meio das frases. Uma comédia. Isso faz com que eu adie tudo. Só de pensar que tenho que falar com alguém em alguma língua que não seja o português, eu já entro em pânico.

Tudo isso foi para explicar pq a Leila ainda não tinha pediatra na Suíça. rs Fui a um italiano que não pode aceitá-la por que já tinha crianças demais. Tomei coragem e liguei para um monte... só mensagens em alemão. Até que um atendeu. Falei assim "olha, minha filha ainda não tem pediatra aqui em Zurique e eu queria fazer o controle das vacinas". Ele disse "Desculpe, mas eu não entendi". Claro que tudo isso em inglês. rs Falei novamente, já me sentindo a pior de todas as falantes. rs Dessa vez pareceu que ele tinha entendido. Daí ele perguntou se eu queria ir naquele momento ou no dia seguinte. Fiquei muito feliz. Finalmente alguém que podia ficar com a Leila. Marquei para o dia seguinte.

Chego lá e a sala estava fechada. Bati na porta e nada. Fui a um Tee Room que tem ao lado e liguei para ele de lá (celular sem crédito). "Chego em dez minutos Frau Pires". Dez minutos e chega o dito. Quase saí correndo. rs Ele deve estar bem próximo aos 90 anos e usa um aparelho de surdez do tempo do ronca, enooooooooorme e para fora da orelha. Nessa hora eu entendi que não era o meu inglês que estava péssimo, era a audição do homem. Consultório grande, bonito, bem cuidado. Teve ter sido bem movimentado nos tempos de ouro. rs Daí ele olhou para a minha cara e falou: "Pq a senhora está aqui". Será o benedito que o Dr. não tinha entendido o que eu falei? E lá vou eu novamente, contar toda a história. Feito isso, ele viu as vacinas e disse que aqui eles dão duas doses da de Sarampo. Demos a vacina lá mesmo, no consultório. O homem tremia mais que vara verde. rs Metade da vacina veio no meu olho. Acho que estou vacinada também.

E agora? E agora que o homem é velho, é surdo e tem tremelique, mas eu vou ficar com ele mesmo até conseguir me comunicar melhor em alemão. Depois escolho outro. Aqui o pediatra raramente atende o telefone e esse está sempre a disposição. rs

Um abraço,
Carol

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Viagem ao Brasil

Oi gente,
eu andava meio desanimada e por isso não vim aqui com freqüência. A minha viagem ao Brasil foi única e exclusivamente para ver a minha querida amiga Luana. Fiquei com ela a maior parte do tempo e o que sobrou curti minha mamãe que também estava lá dando uma força. Enfim, quando a vi juro que não reconheci, mas depois de uns minutinhos de conversa eu vi que aquela era sim a minha irmã de coração. Consegui passar por cima da aparência e da situação em que ela está, até pq ela própria continua com o mesmo ânimo, senso de humor e a meiguice de sempre. Nós ficamos noites e mais noites, como duas adolescentes, falando da vida. rs Gostoso demais, mas também bastante desgastante. Um dia para ir, cinco dias lá, mais um dia para voltar. Cansativo. Enfim, valeu a pena demais. Ela ficou feliz e eu também. Voltei recarregada, com certeza que ela terá vitória nesta guerra.

Um abraço,
Carol

domingo, 10 de agosto de 2008

Comida cara? 50% nela.

Na foto temos pizza e coca-cola com 20%, raviole, biscoito e salsichas com 50% e pasta de dente com 25%


Oi gente,

nossa família está sempre perguntando sobre comida. rs Acho que é pq no Brasil se come muito bem pagando muito pouco. Aqui as pessoas cozinham com mais freqüência até em função dos preços altos nos restaurantes. Mas a comida também é cara no supermercado (comparando com o Brasil, claro). O que faz o valor da compra cair bastante é comprar o produto que está vencendo. Quando falta um ou dois dias para a data de vencimento, eles costumar dar 50% de desconto no produto. Naquele produto, não em todos os iguais. rs Você chega em uma pilha de pizzas, todas iguaizinhas, e tem lá uma ou duas com 50% de desconto. O resto tem o preço normal. É diferente do Brasil e tem nos feito economizar uma boa grana. Como moro perto de 4 supermercados, vou todos os dias a pelo menos um. Jantamos o que estiver com desconto. rs

Um abraço,

Carol

obs.: Obrigada pelos comentários de apoio no post anterior. Já consegui organizar a vida aqui e o maridão vai cuidar da Leila enquanto eu estiver no Brasil. Minha amiga está tão feliz que já contou para o hospital inteiro que eu estou indo. Ela disse que vai fazer de tudo para estar melhor quando eu chegar. Acho que está viagem já a está ajudando.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Notícia ruim e ida ao Brasil

Oi gente,
quando a gente decidiu sair do Brasil, nós acreditávamos que, por nossos pais serem novos e cheios de vida, iria demorar muito para ter uma surpresa ruim, dessas que fazem a gente pegar o avião e sair correndo para ficar perto de quem a gente gosta. Mas a vida é muito louca e prega cada peça. A surpresa ruim chegou rápido para mim e veio de onde eu realmente menos esperava.

Minha melhor amiga de adolescência está com câncer na coluna e já o descobriu meio grande. Ela tem 30 anos e estava se planejando para ter o primeiro filho, agora está no hospital, sem conseguir levantar, fazendo o tratamento e brigando com a doença. Essa luta eu sei que ela vai vencer, mas, ainda assim, quero ir lá e dar um abraço, e dizer que estou junto, que sempre vou estar. São 15 anos de amizade. Namoramos muito, nos divertimos, estudamos, nos formamos, moramos perto (dividimos apartamento por 1 ano), moramos longe (eu em Brasília e ela em Cuba) nos casamos... e a amizade lá. Firme e forte. Como ela vai estar também quando isso tudo acabar. Firme e forte.


Enfim, dia 16 vou pegar o avião e ir diretamente para Goiânia. Quis o destino que a minha mãe também estivesse indo no mesmo dia (minha mãe também é meio mãe dela, assim como a dela também é meio minha mãe). Meu pai disse que vai também. Então vamos todos dar aquele abraço na Lú e passar muita energia boa. Ela já me deu tanto, tanto amor, que está mesmo na hora de retribuir.

Um abraço,
Carol

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Vida social. Diferente.

Oi pessoal,
desculpe o tempo sem postar, mas me faltava força. rs Estava com bloqueio no alemão, que me deixava bloqueada em tudo. Agora mandei a M. quem diz que eu preciso aprender a falar direito e me concentrei em aprender a FALAR do jeito que for.

Vamos ao tema do post antes que eu fique aqui me lamuriando. rs Eu pensei que ia ser difícil ter algum tipo de vida social aqui, mas descobri que isso só seria difícil se não existissem os brasileiros. rs Em cada esquina você encontra uma brasileira disposta a acolhar uma recém-chegada. E eu, que não sou besta, aproveito a chance de conhecer pessoas, me relacionar e criar uma rede de conhecidos maior e mais diversificada que a que tinha no Brasil.

Quem me conhece sabe que eu não sou muito de quantidade. Sempre tive poucos amigos e o serviço obrigatório de manutenção não é bem o meu forte. rs Achei, por exemplo, que não teria quem convidar para o meu aniversário. Agora, vou ter que convidar menos da metade das pessoas que gostaria de chamar. Acabei fazendo um pacote misto. A festinha vai contar com um casal Brasil-Suíça, um casal Brasil-itália, um casal Brasil-Brasil e um português sozinho. Mais que isso não cabe no apartamento. Ainda mais que os casais que eu deixei de fora têm, cada um, dois filhos.

O que tem ajudado a conhecer gente e, principalmente, sermos convidados, é uma curiosidade geral a respeito do Ênio. Eles acham interessante que ele tenha conseguido emprego ainda do Brasil e acabam nos convidando para um passeio, um papo mais longo. Muito legal. Outro fator é a Leila. Talvez até mais importante. Ontem mesmo, fomos ao aniversário de uma criança que ela conheceu na quinta-feira na Ikea. Elas se deram tão bem que a mãe me convidou para a festa.

Um abraço,
Carol

domingo, 20 de julho de 2008

Eu, o alemão e vontade de comer pizza.

Oi gente,
hoje estou muito feliz e orgulhosa. Consegui fazer um pedido em uma pizzaria. Foram quase 3 frases completas em alemão. rs Um avanço imenso quando se fala em Deustch. "O senhor faz pizza meio a meio?" "Quero meio marguerita e meio frutos do mar" "Ich warte". rs

Aqui na Suíça eu tenho tido os dias sim e os dias não. Dias em que acho sim que vou aprender e dias em que acho que não vou conseguir. Vamos dizer que hoje é o dia sim. :)

Continuem torcendo,
Carol

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Férias

Oi pessoal,
a galera aqui é tão louca pelo verão que até curso de idiomas dá férias para que todos possam curtir a estação. rs Sinceramente, eu fiquei até um pouco triste com essas férias aí. Agora que estou aprendendo alguma coisa, parar um mês para ver o sol não é exatamente o que eu esperava. Fora que toda essa euforia em torno do calor ainda não me pegou não. O dia está lindo lá fora (e olha que já são quase 20 horas), só deve escurecer às 21h30 e eu não estou com a menor animação de ir lá fora. rs Adoro a minha casinha e tem dia que só saio pq me sinto culpada de privar a Leila de fritar no sol.

Enfim, eu que já não estava fazendo nada mesmo, agora estou de férias. rs

Carol

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Longe de casa, há mais de uma semana.... 3 meses


Oi gente,
estamos há três meses em Zurique. Nesse tempo, vivemos uma vida. Alugamos um apartamento e construímos um lar. Reaprendemos coisas simples como limpar a casa, cozinhar, usar o transporte público, jogar o lixo fora... A lista vai longe. rs É como se tivéssemos nascido novamente, mas agora juntos, como família. Cada um vivendo a sua experiência, única e particular, mas compartilhando as angústias e as vitórias.

O que mudou na minha vida? Absolutamente tudo. Só ficou o marido e a filha, de resto... Acho que fica mais fácil entender o tamanho da mudança com um esquema simples de tinha e não tem mais. rs

Eu tinha:
Carro
Emprego
Colegas
Amigos
Empregada (que saudades)
Família (moravam longe, mas não tão longe)

Viu o tamanho da mudança? E não venha me dizer que o importante é SER e não TER. rs Eu sei disso. Por isso estou aqui, encarando uma boa faxina. Mas sou gente, né? Tenho saudades, sim, da mordomia, da picanha, do chopinho, dos papos filosóficos com os queridos amigos e colegas de trabalho.

Além disso, com a mudança de país, eu entendi que o TER é, sim, bastante relacionado ao SER. Eu, por exemplo, sou outra pessoa, muito em função do eu sempre tive e não tenho mais e do que eu nunca tive e agora tenho. A estrutura da minha vida mudou e, não tem como, continuar sendo a mesma Carol no meio desse furacão.

Sempre fui firme, determinada, nervosa, estressada, algumas vezes até agressiva, querendo sempre ter razão. Aqui descobri que também sou frágil e que sei ser suave. Agora sei reconhecer que preciso de ajuda e encontrar no Ênio esta força, que eu simplesmente não sabia que existia. Aqui, nós revimos os nossos conceitos, sobre o mundo e sobre nós mesmos.

Sou uma mãe diferente. Vendo como as crianças daqui são soltas e independentes, já consigo ver que a Leila não é um bb. Ela me ajuda a lavar as verduras, arrumar a mesa, guarda as roupinhas e sapatos quando chega da rua... Enfim, eu entendi que ela pode, ela é capaz. Com isso, ela se sente mais segura de si e muito mais feliz.

No Brasil a gente via muita TV, aqui a gente brinca mais. Um dos motivos é a mentalidade local, que acaba contaminando a gente. rs TV aqui é quase um pecado. O ideal, segundo eles, é meia hora por dia. O estado oferece muitas coisas a preços módicos (nada aqui é de graça) para entretenimento da família. Além disso, tem sempre um parquinho, um bosque, uma piscina pública por perto. Só fica em casa quem quer.

Não ter carro e nem empregada me obriga a fazer tudo com a Leila. Isso tem nos tornado muito mais companheiras. Com isso, eu também passei a me incomodar com coisas que não me atrapalhavam tanto no Brasil. Vamos dizer que as birras dela só eram inconvenientes nos finais de semana, então a gente ia deixando passar. rs Aqui eu fui obrigada a chamar mais a atenção e ela está se comportando muito melhor agora que sabe exatamente o que esperamos dela.

Também eu estou me comportando melhor. rs Eu também fiquei menos mimada. Menos voluntariosa. Eu também aprendi que nem tudo é quando a gente quer, do jeito que a gente quer. Essa nova vida, que está só no começo, já me transformou completamente. Pelo menos por enquanto, as mudanças estão sendo para melhor. rs


Um abraço,
Carol.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Exames médicos - caroooooooooooooo

Oi pessoal,
hoje fizemos os nossos exames médicos na única médica credenciada aqui em Zurique. Médica legal, atendimento 100%, todos os procedimentos foram feitos lá mesmo no consultório, mas a facada foi mortal. rs CHF 1590,00. Ai. Até doeu. O importante é que está feito. Foi muito engraçado o exame de vista e de audição da Leilinha. Ela não queria falar. rs Estava se divertindo com a nossa cara. Mas, no final mostrou que está tudo OK.
Agora é esperar pelo pedido de passaportes e ver o que vamos fazer para enviá-los com segurança para São Paulo. Também precisamos preencher os fomulários pedidos pela Maria João. Estamos com um probleminha no preenchimento, uma vez que eu fui ver todos os 5 apartamentos em que morei desde os 18 anos, escrevi os endereços e mandei cópia única para o consulado, que por sua vez, se recusa a reenviar a cópia.

Um abraço,
Carol

segunda-feira, 2 de junho de 2008

E a Leilinha?

Oi gente,
estou cada vez mais apaixonada por Zurique e um dos motivos desse amor todo é perceber o quanto a cidade está fazendo bem para a nossa família e, principalmente, para a nossa filha. Acredito do fundo do meu coração que a Leila nunca foi tão feliz. E olha que essa menina já nasceu com uma vocação incrível para a felicidade. rs

Em Brasília ela ia à escolinha todos os dias pela manhã, se divertia, aprendia. Depois voltava para casa. Almoçava, daí eu chegava. A gente se curtia. Ela via TV. A gente "descia" no bloco ou ía ao shopping, ou nós ficávamos morgando juntinhas. Tudo muito restrito ao espaço da casa e adjacências. Tirando o parque da cidade, com o parquinho Ana Lídia e o Pontão, a gente não tinha muita opção de espaço público para a diversão da família.

Era tudo muito indoor. Tudo controladinho, fechadinho, para nos dar a impressão de segurança. Andar à pé? Com aquele tanto de buraco na calçada. Aliás, que calçada? De ônibus? Só se estivesse maluca. Era do carro para o shopping, do carro para o clube, do carro para o parque. E sempre gritando, sempre neurótica. rs Olha o carro. Não corre no estacionamento. Me dá a mão. Perto de mim. Nunca, em hipótese alguma fique longe dos meus olhos... Aqui o clima é outro. O jeito é outro. E as coisas funcionam. rs As mães não ficam o tempo todo de olho. Tem quem deixe as crianças (4, 5 aninhos) brincando no parque e vai caminhar.

Em Zurique a criança só entra na escolinha a partir dos 4 e meio, 5 anos, depende da data de nascimento. Eles consideram muito importante esses primeiros anos na companhia constante dos pais. Só sobra a opção de creche que são, na sua maioria, para quem trabalha ou para estrangeiros que precisam que os filhos tenham contato com a língua local. Existe ainda a opção do spielgruppe (grupo de brincadeira). Onde as crianças ficam duas a três horas por semana, com brincadeiras dirigidas. Também são bons para o aprendizado da língua. A nossa escolha foi pela creche. Como não trabalho, e também porque é muito caro ('130 francos por dia), ela fica lá dois dias por semana.

Sabe aqueles passeios que as escolinhas fazem com as crianças duas vezes por ano, mediante autorização por escrito dos pais? Pois é. Aqui é todo o dia. As crianças saem, de manhã e a tarde, todos os dias. Sozinhas com as professoras. Os bebes vão nos carrinhos, os grandinhos vão em fila. Sempre à pé. Atravessam ruas, sobem ladeira, pegam chuva. E o coração de mãe? Fica na mão, bem apertadinho. Mas logo a gente se acostuma e vê o quanto eles ficam felizes. Sempre que vou buscar a Leila ela me olha e fala "Ai mãe, foi tão divertido". Isso gente, não tem preço.

Os dias que ela não vai ao Kinderkrippe (creche), a gente vai aos parquinhos aqui perto de casa. PÚBLICOS, LIMPOS E LINDOS. Se estamos afim, pegamos o ônibus e vamos a outros parquinhos. Eles existem aos montes por aqui. Um melhor que o outro. Todos diferentes entre si, mas muito bem cuidados. Agora ela leva com ela a sua mais nova aquisição: um patinete. Só ela não tinha. rs Já vi crianças de 2 aninhos mandando ver nas três rodinhas. Tomei coragem e não me arrependo.

Ela fica cada dia mais independente e eu fico cada dia menos sobrecarregada, menos estressada. Resultado, minha filha cada dia mais e mais feliz.

Vejam as fotos de alguns dos parquinhos que freqüentamos aqui,

Um abraço,
Carol






segunda-feira, 26 de maio de 2008

Seu apartamento tem nome? O meu tem.

Oi pessoal,
cada dia aparece mais um colega blogueiro feliz com o trabalho do consulado. rs Todo mundo recebendo o pedido de examos, até nós. Parabéns para todos, a gente bem sabe o quanto foi sofrida a espera para cada um de nós. Agora vamos ao assunto do post: o nome do meu apartamento. rs

Aqui na Suíça os endereços são todos bem curtinhos, tipo Glauberstrasse 5, 8050, Zurich. Ah tá. Mas isso é uma casa? Um prédio? Pode ser uma casa, pode ser uma portaria (cada portaria do prédio tem um número e, portanto, um endereço diferente). Por exemplo, Glauberstrasse 7, 8050, Zurich, pode ser o mesmo prédio do endereço anterior. E por que cada portaria tem um número? Precisa? O pior é que precisa. Os apartamentos não tem números. Já pensou o carteiro procurando em 30 caixinhas de correio o nome do indíviduo. Aqui, tanto no interfone, como na caixa de correio, quanto na sua campanhia, está escrito o nome de todos os adultos que vivem na casa. Aqui na nossa porta está escrito: Ênio S. Pereira e Ana. C. R. Pires, se tivéssemos o mesmo nome poderia ser Fam. Pereira. rs



Não é muita exposição? É sim. Mas se você não colocar o nome, além de não receber nenhuma correspondência ainda pode ser multado. É assim mesmo, todo mundo sabe o nome de todo mundo. Como disse um amigo nosso carioca:"Isso no Rio ia ser uma festa para os bandidos". Aqui a criminalidade não chega a ser um problema. Todo mundo se sente seguro. Todo mundo está seguro. Assim, qual o problema de ter o nome na porta. Fica mais fácil para o seu vizinho se apresentar (e eles realmente se apresentam). rs

É uma lógica inversa à nossa, do Brasil. As pessoas entram no zoológico e deixam os carrinhos de bbs na porta. Sem correntes, sem amarras, sem senhas, sem nada. É delas, ninguém vai pegar. rs O mesmo com os carrinhos de compra que quase todos têm aqui (muita gente prefere fazer compras de ônibus e, pasmem, não ter carro, como opção). Os carrinhos, enfileirados, na frente do supermercado. Ninguém pega, tem dono. Mochilas, notebooks... você vê com freqüência coisas de valor aparentemente sozinhas na rua. Nós já começamos a nos soltar. rs Já conseguimos brincar com a Leila nos parques e deixar as mochilas afastadas em um banco qualquer, mas sempre de olho. rs Certos vícios só se perdem com o tempo.

Um abraço,
Carol

sábado, 17 de maio de 2008

Cadê o "Y"

Esses dias recebemos a visita de um colega brasileiro aqui em casa e ele pediu para usar nosso computador. De repente veio uma pergunta: "Cadê o Y ? O Z é aqui mesmo ??"

Nosso computador foi comprado aqui, e portanto tem o teclado Suíço. Além de várias diferenças de posição nos caracteres especiais, as teclas do Y e do Z são trocadas.

Isso é bem estranho no começo. Como não precisamos de olhar para o teclado para digitar, resolvemos configurar o teclado em pt_br ABNT2. Então o nosso Z é Y e o nosso Y é Z. Melhor que acostumar com o novo e estranho teclado

Já no trabalho ainda não tomei a decisão definitiva de qual usar, mas possuo lá as 3 opções configuradas: Português, Inglês e Alemão da suíça (que é diferente do teclado alemão da Alemanha). Eu fico trocando de configuração dependendo do que estou fazendo na hora.

Abaixo a foto do nosso teclado. Olhe pra ele e depois olhe para o seu. :)
O teclado suíço é bem interessante, observem as teclas que possuem as acentuações do francês (è, é, à) e do alemão (ü, ä, ö).




Na Wikipedia existe um artigo bem interessante a este respeito.

Um abraço a todos,

Enio

Porão dos horrores? Não. Quarto da secagem.


Oi gente,
hoje foi O DIA da lavagem. Para os que não se lembram, eu tenho 2 dias seguidos por mês para lavar a minha roupa na lavanderia coletiva do prédio. Tem lá a chave da sala onde fica a máquina de lavar e o tanque e de outro côdomo. O da foto, o QUARTO DA SECAGEM. rs Como assim? Pois é, eu também estava procurando uma secadora de roupa para enfiar minhas coisinhas dentro, deixar 30 minutos secando e levar, toda serelepe, para a minha casinha. Não aqui na Suíça. rs Aqui, a maioria dos prédios antigos têm um quarto, com uma máquina que tira a umidade das roupas que estão lá dentro, estendidas em varais. A água sai da roupa e vai para o super tecnológico... balde branco. É isso mesmo. Suga do ar e derrama no balde. rs Fiquei impressionada. A roupa demora um bocado para secar, mas seca. Depois de 3 horas mais ou menos.

Ah. Tem a chave. Se o dia é meu, só eu posso usar. Se eu quiser, posso passar o dia na rua, com a chave do espaço da lavagem no bolso e deixar tudo lá sem uso. Se algum vizinho quiser usar, tem que me pedir. Se não estou em casa? Ele que chore. É mole? rs


Entre mortos e feridos nos salvamos todos. A máquina de lavar é boa. Consegui lavar tudo, ainda mais que uma vizinha muito gente boa me cedeu uma parte de um dia dela. O quarto da secagem leva 3 horas, mas seca toda a roupa que você lavou, incluindo edredons e toalhas. No final, acaba sendo rápido. Ou não. Eu já não sei de mais nada por aqui.

No próximo post conto para vocês porque aqui os apartamentos não têm número.

Um beijo,
Carol

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Presente de dia das mães - Leila adaptada

Olá,

eu estava lendo um post do brasiliacanada que fala sobre as creches no Quebec e os respectivos preços. As mais caras chegam a 25 dólares o dia. Rs Aqui o buraco é mais embaixo, muito mais embaixo. As mais baratas cobram em torno de 100 francos por dia. A que escolhi é mais cara, sai uma média de 130 francos por dia. Um absurdo, por isso muitas crianças vão apenas dois dias por semana. No caso da Leila, conseguimos vaga para apenas um dia por semana (504 francos por mês). Chega a doer o estômago, mas, em agosto do ano que vem, a nossa princesa deve entrar no kindergarten (maternal), daí já é público e não precisaremos pagar mais nada.

A creche que escolhi tem algumas vantagens, entre elas a dona, que é brasileira. Rs Para mim é ótimo porque posso falar em português com ela sobre a minha filha. As professoras e a maioria das funcionárias são suíças (a da Leila é alemã) e todos falam alemão lá. O esquema de trabalho é mais parecido com o que eu estava acostumada. Não é depósito de crianças, elas tem trabalhos dirigidos e são incentivadas a interagir com as outras, sem ser obrigadas a nada. Na maioria das creches suíças as crianças TÊM que dormir depois do almoço, por exemplo. E aqui a coisa funciona assim, se a criança tem que fazer, ela vai fazer, seja lá o que for. Disciplina acima de tudo. Acho que, às vezes, até por cima dos sentimentos.

O pensamento geral é o seguinte: Sua filha precisa de dois dias inteiros no mínimo para que haja um bom rendimento. A crèche tem esses dois dias. Não importa se ela gostou ou não, se você gostou ou não. Nada de ruim vai acontecer com ela (do tipo morrer ou ser espancada). Coloca ela lá, logo ela se acostuma. Infelizmente, ou felizmente, eu sou uma mãe brasileira e nós, mães brasileiras, não conseguimos raciocinar de maneira assim tão prática.

Acabou que encontrei um meio termo. Na nova creche tem as coisas que considero interessantes aqui, como os passeios diários. De manhã e de tarde, as crianças devem sair da crèche e ir a parquinhos, bosques e o que mais tiver por perto. Vão em fileira e atravessam ruas com as professoras, uns ajudam os outros. Se sentem independentes. E são. Muito mais que no Brasil, mas isso é assunto para outro post.

Essa foi a semana de adaptação da Leila e, para orgulho geral da nação, ela surpreendeu a todos e está completamente integrada. Não vou dizer que isso me surpreendeu porque seria mentira. Rs Eu avisei a dona da crèche que a Leila era uma menina muito fácil, mas ela quiz ofertar (gratis) a semana de adaptação. Rs Ela pensou que a minha filha ia ficar uma hora, duas por dia. Acabou que no primeiro dia ela ficou uma hora. No Segundo, duas horas. No terceiro, almoçou lá. No quarto, saíu só às duas da tarde e hoje almoçou, lanchou, jantou e deu prejuízo. Rs Ela já está falando Entschuldigung (desculpe) e Danke (obrigada )em alemão, além de outras palavrinhas que a mama ainda não identifica. rs

Quer presente melhor que esse?

Um beijo,
Carol

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Analfabetismo

Oi pessoal,

Como já disse para vocês, o Ênio já veio para a Suíça empregado e com ajuda de custo para os primeiros meses. Não enfrentamos, portanto, nenhuma privação econômica. Quer dizer… nenhuma grande privação. Rs Como a carne é cara, estamos ficando mais sofisticados e a substituindo por aspargos, cogumelos, queijos, batatas rösti. Tudo muito caro no Brasil e barato aqui. Hoje, por exemplo, almocei um delicioso orichette ao sugo com cogumelos na manteiga. Comi feliz, mas ficaria ainda mais contente se fosse uma bela picanha com farofa.

Voltando ao tema do post, a nossa maior dificuldade aqui tem sido o idioma. O tal do alemão é f… Já passei o vexame de ficar parada em frente a uma porta, olhando para um aviso sem saber o que fazer. Depois de 10 minutos, chegou outra pessoa, que falava ingles, e perguntou “Você veio para a visitação? Já apertou a campanhia?”. Hein? Era só isso. Estava escrito para apertar a campanhia. Rs E você pegando um frio danado sem saber o que fazer por 10 minutos. Como você se sentiria? Eu me senti uma completa idiota. E essa sensação tem se repetido com muita freqüência.

Até o zelador do prédio me trata como se eu tivesse alguma deficiência mental. Veio aqui no apartamento me explicar que eu não deveria usar a bancada para cortar legumes, frutas e carnes. Era para eu comprar um tábua… Igual aquela que eu já tinha. Eu vim do Brasil, mas lá também tem tábua de cortar carne. Rs E ainda me mandou levar a Leila em um médico porque ela chora muito. Detalhe, ela só chora quando olha para a cara dele. Que é mesmo de dar medo.

Hoje, fui a um curso de integração em lingua portuguesa. Claro que quando cheguei, ninguém sabia onde era a sala da minha turma. Depois de passar por 4 pessoas, um guardinha foi até fora do prédio, ficou apontando e falando em alemão, como se eu fosse obrigada a entender. Ora, se eu entendesse não estaria fazendo o curso de integração EM LÍNGUA PORTUGUESA. Depois de um tempão, ele olhando para mim como se eu estivesse com alguma doença, o animal resolver me falar, em muito bom inglês. “Yellow building, second door”. Ok. Era só isso. A segunda porta. E porque não falar isso em inglês. Algum tipo de orgulho tolo que eles têm aqui. Claro que nesse ponto (depois de pegar três conduções e andar um quilômetro, eu já estava quase chorando. Cheguei na sala e a instrutura falou que foi muita sorte eu ter encontrado a sala. Eu diria mais, foi um milagre. Rs

Em duas semanas eu começo o meu curso de alemão, um pequeno passo para voltar à ativa. Ao mundo dos que sabem ler, escrever e se comunicar.

Abraços,

Carol

domingo, 4 de maio de 2008

Mudança





v




Olá,
vamos falar um pouco de como foi a compra dos nossos móveis e a nossa mudança. Na verdade, a mudança ainda está acontecendo. Faltam duas malas enormes e um monte de miudezas, que serão transportadas de pouco em pouco de ônibus.
As compras foram todas feitas na IKEA Suíça. Loja linda, gigante, com um restaurante delicioso onde se pode comer CARNE por um preço bem acessível (para quem, como eu, já começa a achar que almondega é carne). Geladeira, fogão, sugar e máquina de lavar louça já vem no apartamento. Os bocais para luz no teto é que são uma raridade. O normal é ter só uns fios soltos onde você coloca a sua luminária. Aqui no hotel, por exemplo, não tem nem fio solto, só luminárias de pé. Enfim, uma escuridão total. Nós tivemos muita sorte e o antigo morador nos brindou com luz em TODOS os cômodos. Vocês não têm noção da nossa alegria. rs
Voltando às compras. A Monike, minha companheira de aventura aqui na Suíça, foi comigo comprar os móveis enquanto o Ênio distraia a Leila. Ficamos três horas e meia dentro da loja, já que somos nós quem pegamos os produtos. A gente anota o código, vai no depósito e pega as caixas enormes, com camas, sofá, guarda-roupa. rs Algumas caixas são tão pesadas que dão a impressão de que estão coladas nas pratileiras. Mas conseguimos pegar tudo. Quando eu fui pagar... sempre tem que ter uma emoção. rs Nenhum dos meus dois cartões passaram. Nem o de débito, nem o de crédito. Fiquei sem chão. A caixa só falava alemão, mas me mandou ficar calma e chamou outra. Sem constrangimento (claro que me senti constrangida, mas eles não fizeram nada para me constranger). A própria atendente me explicou que aquele cartão de débito tem um limite de compras e saque de tanto por dia e que, como eu tinha ultrapassado esse limite em 180 francos, a gente podia tentar passar em duas etapas, o montante maior no cartão de débito e o menor no de crédito. Funcionou. Deixamos as compras no depósito e fomos almoçar. Depois seguimos para o novo apartamento, onde aconteceria a ENTREGA DE CHAVES. rs
Aqui a entrega do apartamento é feita em loco, com hora marcada e tudo. A corretora chega, vai mostrando tudo e anotando qualquer irregularidade, chão manchado, buraco, pintura descascada, etc. Te explica como funciona o prédio (aqui tudo precisa de explicação) e te pega de surpresa em algumas coisas que eles preferem não falar antes do contrato assinado. Por exemplo: "Aqui embaixo você pode guardar os seus vinhos. Aqui é o bicicletário. Nesse papel tem os dias que você pode lavar roupa. DOIS DIAS SEGUIDOS POR MÊS. Assim você pode deixar de molho, estender. Fazer o que você quiser". Hã. Hein. Dois dias por mês. É nessa hora que você pensa que se lascou. E se lascou mesmo. rs As pessoas aqui levam a sério o dia da lavagem de cada um e, se eu quiser trocar vou ter de pedir para algum dois milhares de velhinhos da minha portaria. Em que língua, meu Deus. rs
Voltando à mudança. Depois das surpresas, eu, Monike e Leila voltamos para a Ikea e o Ênio foi alugar o caminhão que um amigo foi dirigindo até a loja. O Ênio foi antes e ficou lá com a gente esperando. Depois eles e o marido da Monike descarregaram tudo e nós terminamos a noite no hotel, com uma cervejinha pq ninguém é de ferro. rs
Ah. Quem monta os móveis somos nós também, mas isso fica para os próximos capítulos.

Um abraço,
Carol

obs.: ficarei sem internet bascante tempo. Ainda não temos linha fixa no nosso apartamento. Mas voltarei. Obrigada a todos por nos acompanharem.



quarta-feira, 30 de abril de 2008

Ikea

Pois é,
a gente roda, roda e vai parar na Ikea. rs Hoje vamos receber as chaves do nosso apartamento, às três da tarde. A mulher vai mostrar o apartamento, anotar tudo que estiver errado, nos dizer (em alemão) o que pode ou não fazer. Claro que nós não vamos entender, mas tudo bem. Ao invés de se fazer uma perícia dias antes, como no Brasil. Aqui tudo é feito na hora da entrega das chaves. Depois que rolar eu conto mais detalhes.
Voltando a Ikea, pela manhã, o Ênio vai ficar com a Leila enquanto eu vou até a loja comprar tudo para o nosso lar. Vou deixar lá no galpão e, depois da entrega das chaves, nós vamos voltar e pegar. Nosso companheiros de viagem, que estão vivendo isso com a gente desde o primeiro momento, também serão nossos companheiros de mudança, carregando tudo. rs Ainda bem que temos amigos. Aguardem, amanhã tem fotos.

Um abraço,
Carol

sábado, 26 de abril de 2008

Ênio, o hindu

Pessoal,
eu sempre achei os indianos bem bonitinhos e, até por isso, me senti atraída pelo Ênio assim que o vi. Não. Ele não é indiano e nunca tinha percebido a semelhança até eu comentar com ele. Acontece que, no ano passado, ele foi trabalhar em um lugar com o clima leve, com tempo para zoação. Não deu outra, começaram a dizer que ele parecia um galã de Bollywood. rs Ele ainda assim achava que era exagero. Que era sacanagem. Enfim... depois de uma série de acontecimentos aqui na Suíça, ele não teve mais como negar.

1 - Na entrevista de emprego, a camareira do hotel perguntou se ele era da Índia (pequeno indício).

2 - Uma indiana (do tipo que usa traje típico e pintinha na testa) que trabalha com o Enio perguntou se ele era da Índia e não acreditou que ele não tivesse ascendência indiana.

3 - Lavando roupa na lavanderia coletiva, um indiano já chegou falando em Hindi com o Ênio. rs

5 - A assistente do restaurante da empresa, natural do Sri Lanka, quase o convenceu de que ele ERA MESMO da Índia, tamanha a insistência.

4 - Hoje, um indiano perdido olhou para o Ênio como se ele fosse a última coca-cola do deserto. rs Nós o ajudamos a encontrar o caminho (grande avanço, já podemos até ajudar alguém a encontrar o rumo), mas em inglês.

E olha que indiano aqui é o que não falta. Eles estão em todos os lugares e, aqui no flat onde estamos hospedados, são a maioria.

Um abraço,
Carol

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Comida não é só comida. Chame o garçom.

Oi gente,estava aqui pensando o quanto eu gostava de comer no Brasil. Aqui me falta o apetite. Pensei "naquela" pizza, no filé com catupiry "daquele" barzinho, no churrasco especial do Porcão... e percebi que não foi o prazer de comer que eu perdi, o que foi embora foi a possibilidade de ir a restaurantes toda a semana. De curtir o espaço, o ambiente, as pessoas e o garçom. Sim, o garçom. Como ele faz falta. E não é só para mim, não. rs Ontem a Leila se sentou comigo na mesa e falou para o Ênio: "Ei garçom. Um suco de maçã para ela, por favor". rs É mole. Filha de peixe, peixinha é.


Comer fora aqui é caro, a comida no supermercado também. E haja imaginação para tornar o cardápio interessante a semana toda. A minha mesmo acabou. Primeiro pq o meu forte nunca foi a cozinha e nem o serviço doméstico, segundo pq eu quero e preciso de uma boa mordomia. Sou mimada, sim. E como. Tanto que quando me desequilibrei aqui pela primeira vez (frio cortante, chuva, sapato e pernas molhadas, criança linda passando frio contigo, perdida no meio do nada é igual à crise de choro, da mãe, é claro), resolvi o problema, limpei o rosto, assoei o nariz e corri para um restaurante. Barato, mas com garçom, com aquecimento e com talheres, bem diferente do Burger King. Lá nos realizamos, eu e Leila. As melhores amigas. rs Peixão e peixinha.


Em compensação, encontramos outros prazeres que, por medo, insegurança e a mais pura preguiça, não tínhamos no Brasil. Um deles é curtir o dia com a filhota nos diversos playgrounds e parques da prefeitura de Zurique. Comer pão com qualquer coisa ou só mesmo um croassant e passar o dia por conta de curtir o sol (quando ele aparece), a paisagem, o lago. E não somos só nós que contemplamos, não. O povo daqui também contempla. O que mais tem em Zurique são bancos em lugares estratégicos para você ficar fazendo nada. Só olhando e constatando, cada dia um pouquinho mais, o quanto esta cidade é linda.

Carol

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mudanças

Oi pessoal,
vcs certamente notaram as mudanças de layout do site (ainda tenho que trabalhar isso direito), mas... Enfim, mudamos de "Canadá" para "Pelo mundo", por que o blog, agora, vai trazer as nossas impressões sobre a Suíça, sobre viver fora, sobre adaptabilidade de crianças, sobre a falta de chuveiro, sobre a nossa vida e os nossos sentimentos. Profundo, né? Pois é. Eu estava inibida de falar sobre outros assuntos que não o Canadá aqui, no nosso blog. Toda vez que entrava, dava de cara com o vermelhão, já sentia a espera, a tensão, não só minha como dos nossos "companheiros de agonia", como diz o nosso amigo blogleiro Rogério. Sei que para a maioria dos nossos leitores, pode ser que o blog perca o interesse, a utilidade, mas sei também que para os nossos amigos, torcedores, aqueles leitores queridos, que nos mandam e-mails, que se "preocupam" com a gente, para vocês talvez ele fique até melhor e mais revelador.

Um abraço,
Carol

domingo, 20 de abril de 2008

Canadá - Atualização de documentos.

Oi gente,
hoje venho dar uma notícia sobre o nosso processo para o Canadá. A Maria João encontrou em contato por e-mail, para solicitar atualização de alguns documentos (formulários). Acho que foi em função de termos casado no civil. É que, aqui na Suíça, não se reconhece a união estável para fins de visto de "esposa". rs
Acabou que ganhamos tempo, o processo fica meio que parado até conseguirmos preencher os formulários (que incluem aquele chatinho com todos os endereços, que nós não temos mais e esperamos que a Maria João mande pelo correio).
Na verdade, para nós, agora, o melhor é que o pedido de exames demore, uma vez que a nossa experiência na Suíça tem prazo mínimo de dois anos. rs O tempo necessário para eu aprender alemão.

Vamos que vamos,
Carol

terça-feira, 15 de abril de 2008

22 dias de Suíça, novidades e conquistas.

Olá amigos,
como todos vocês sabem, nós preparamos para um desafio e nos deparamos com outro. O processo do Canadá já tem quase dois anos, fora os três anos anteriores de preparação. Foram, então, cinco anos para planejar como seria a nossa vida lá. Sabemos mais do Canadá do que muito canadense. rs Já para a Suíça, do primeiro contato até a data que chegamos aqui, foram apenas cinco meses. Depois do "Você está contratado" foram só três meses. Podemos dizer que fomos e estamos sendo pegos de surpresa todos os dias.

O Ênio estar empregado já é uma maravilha por si só e facilita muito a nossa vida financeira. Mas isso não resolve o problema da adaptação das crianças (eu e Leila). A língua aqui, nas ruas, nos comércios, na vida cotidiana, é o alemão. No trabalho do Ênio é o inglês.

Como o Ênio tem que trabalhar, alguém tem que ir para a rua procurar apartamento para morar. Eu pensei que fosse muito fácil. Afinal, ele tem emprego e um bom salário. Mas aqui não funciona como no Brasil. Você não vê o apartamento, diz que gostou, faz o cadastro e fica com ele. rs Isso seria muito fácil. Aqui, você vai na VISITAÇÃO (dia e hora que marcam no anúncio para todos os interessados conhecerem o apartamento), às vezes com o inquilino dentro ainda. Pega um formulário, coloca os dados, todos os seus documentos, diz quanto você ganha por ano, envia pelo correio e espera. O proprietário vai analisar todas as fichas e escolher quem ele quer que ocupe, imóvel dele. O critério é dele. A maioria prefere alugar para suíços, depois para estrangeiros que falem alemão e, por último, para quem aparecer. rs

Depois de mais de dez visitações, debaixo de chuva, pisando na neve, pegando vento e frio, eis que ontem nos ligaram para dizer que conseguimos um apartamento. Valeu a pena o cansaço, o stress, o choro. Agora temos um cantinho para morar, no terceiro andar, sem elevador, mas vai ser nosso primeiro lar aqui na Suíça. Vocês não têm noção da sensação de dever cumprido, da felicidade que isso dá. rs Foram noites e mais noites que o Ênio perdeu lendo e preenchendo os formulários em alemão. Foram quilômetros e mais quilômetros caminhados por mim e pela Leila nos dias gelados de início de primavera.

Agora podemos procurar outras coisas, podemos ver creches (aqui não tem escolinhas para maternal nos moldes do Brasil, só as bilingües), escola de inglês e alemão para mim. Academia. Enfim, começar a tocar a vida. Já não era sem tempo. rs

Seguem algumas fotos dos nossos primeiros dias.



Leila se acabando em um evento indoor. Era a mais animada, nem parecia que a língua era outra.


Leilinha no meio do nada em mais uma visitação friorenta. rs

Leila e mamy no museu dos brinquedos. Muito legal.


Ah! Zurique.


Papai, que lindo!

Pegando o barco. Aqui você paga o passe mensal e ganha direito a usar também o barco. Vista dos Alpes, quantas vezes quiser.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Ah!!! A neve.

Oi pessoal,
chegamos na Suíça e o país nos brindou com uma temperatura de zero grau e neve. Lindo, lindo.
Estamos muito bem acomodados em um flat reservado pela empresa em que o Ênio vai trabalhar. A Leila, por enquanto não tem quarto, mas o ap é uma gracinha. Tem cozinha, sala, quarto e um banheiro cujo único defeito é não ter chuveiro.
Tudo aqui é fascinante para a gente. Agora, surpresa mesmo é a velocidade e facilidade com que as coisas se resolvem aqui. Já nos registramos na imigração e amanhã vamos abrir conta em banco. Compramos o note de onde escrevo e pretendemos começar logo a procurar apartamento, afinal, o flat é só para o nosso primeiro mês.
Agora é de verdade. Estamos aqui, tudo legal, tudo deu certo. Pelo menos nesta primeira fase. rs Vamos que vamos que a estrada é longa. No próximo post vou colocar umas fotitas de Zurich.

Abraço,
Carol

segunda-feira, 24 de março de 2008

É hoje

Oi gente,
aqui quem vós escreve é uma sem teto, sem computador, sem carro, e mais uma interminável lista de sem. rs Por isso, abandonei um pouco o blog, mas vou continuar alimentando esse meu filhote querido. Talvez mude um pouco o nome e acrescente o com escalas. rs
Bem, entrei aqui para dizer que vamos viajar hoje e que estamos muito felizes por essa oportunidade de conhecer mais um pouquinho do mundo. Estamos muito felizes também pelo carinho que temos recebido aqui no nosso blog de todos vocês que compartilham o nosso sonho e que torcem por nós.

Até breve,
Carol

É

segunda-feira, 17 de março de 2008

Última semana

Gente,
estamos meio sumidos, mas a correria dos últimos dias no país é de dar medo. Nossa última semana em Brasília (estamos no Nordeste curtindo merecidas férias) foi frenêtica. Só conseguimos esvaziar o apartamento às 7h do sábado, 8, e viajamos para Natal às 12 do mesmo dia.
Desde então estamos curtindo a cidade do sol e brincando muito com a nossa filhota. Só hoje caiu a ficha de que, em apenas uma semana, estaremos indo rumo ao nosso sonho e vamos recomeçar as nossas vidas.
O universo conspira a favor e tudo está correndo bem direitinho. Hoje tiramos a carteira de vacinação internacional (pode ser tirada no aeroporto de Natal e, eu acho, no de Brasília também). Vamos fechar um bom seguro saúde internacional para os primeiros dias e deixaremos procurações para que nossa família possa resolver problemas bancários (não pudemos fechar as contas pq ainda temos dinheiro a receber).

Um abraço,
Carol

obs.: Nenhum contato ainda do consulado com o danado dos pedidos de exames. Mas alteramos o endereço e confirmamos que podemos fazer os exames em qualquer lugar do planeta, desde que com médicos credenciados.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Contagem regressiva

Oi gente,
o tempo não pára, aliás, o tempo corre. Conseguimos vender o que era de vender e doar o que era de doar. Só os brinquedos da Leila que ainda não saíram de casa, vou deixar isso para o último dia.
Falando em último dia, hoje foi o último dia dela na escolinha. Ela gosta tanto dos amiguinhos e eu não sei se vai ser fácil conseguir uma creche para ela lá na Suíça. Sobre o Canadá eu sei quase tudo, foram três anos de estudo. rs Já sobre a Suíça... tudo é surpresa. Já olhei escolinhas, geralmente bilingües já que o povo local não têm o costume de colocar crianças tão novas em escolinhas e sim em creches. Vamos ver. Tenho certeza que ela vai tirar de letra.
As avós estão na cidade, nos ajudando com tudo, já que estou sem empregada. Graças a Deus, a minha fiel escudeira conseguiu um outro trabalho, para ganhar mais e com outra criançinha da idade da Leila. Enquanto isso, a minha mãe tem quebrado um galhão como "faz tudo babá/empregada". Minha sogra está ajudando nas vendas. Assim a gente vai levando esses últimos dias.
Mudando de assunto, a Artchê da asa norte (314) está em promoção. Muita coisa boa e com preços aceitáveis. A malha térmica está 105 reais e alguns casacos muito bons estão em oferta também. Vale a pena conferir.

Um abraço,
Carol

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Queridos amigos

Olá gente,
essa história de sair do país deixa a gente muito sensível. A minisérie da globo "Queridos amigos" anda me dando um aperto. Eu fui lembrando de todos os companheiros de farra e de dor que fui deixando pelo caminho. Fiquei pensando em como a vida afasta a gente... Enfim, esse é um erro que eu quero tentar corrigir na nova vida que vamos começar. Não quero mais deixar os amigos irem embora. rs
Ontem, os padrinhos da minha filha vieram aqui em casa, um tia, as mamães e o namorado da madrinha da Leila. Eu lembrei do quanto foi bom o meu namoro com o Ênio e de como essas pessoas foram presentes na nossa vida naquele momento. De como eles fizeram a nossa vida mais feliz e mais colorida naquela época. De alguma forma, nós fomos nos afastando e continuamos todos amigos, mesmo porque somos todos família, mas não temos mais a intimidade e a cumplicidade de outros tempos.
A reunião foi tão boa, mas tão boa, que resolvemos relembrar os bons tempos e passar a noite de sábado jogando baralho, bebendo refri e falando besteira. Como nos bons tempos. rs

Um abraço,
Carol

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Empacotando

Olá,
eu sou uma pessoa muito desapegada do material, meu marido também é assim. Mas temos apego pelas lembranças, pelos momentos vividos e, no meu caso, pelas fotos tiradas desses momentos.
Ontem foi o dia do empacotamento das nossas lembranças. Uma mala enorme com tudo que nos é mais caro (falo do que cabe nas malas, claro). ;) São fotos da nossa lua de mel relâmpago em Buenos Aires, fotos do nascimento da nossa filhota, da minha formatura, do primeiro aniversário do Ênio que nós passamos juntos, do primeiro ano de namoro... Tantas lembranças. Tantas fases. Me emocionei. Ainda coube na mala as primeiras tarefinhas da leila, a agenda da escolinha, fotos das professoras. Nossa vida, em uma mala preta de 49 reais. :)
Agora só faltam os brinquedinhos mais queridos da Leila. O resto é o resto. Roupas, livros, cds, móveis, eletrodomésticos, isso a gente vai comprando aos poucos em qualquer lugar do mundo. Devagarzinho a gente se organiza e, se for preciso, vende tudo novamente, pega a mala preta e se manda para outro canto do mundo.

Um abraço,
Carol

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Que rufem os tambores... O visto saiu

Oi gente,

é com grande alegria que comunico aos nossos leitores/torcedores que o nosso visto para a Suíça já foi autorizado e aguarda apenas a chegada dos nossos passaportes, que farão uma agradável viagem via sedex até o Rio de Janeiro. Sabe como é, vão tomar um chopinho, ver o mar e voltar, lindos e maravilhosos com vistinhos para toda a família.



Obrigada pela torcida gente, o dia se aproxima,



Abraço,

Carol

sábado, 26 de janeiro de 2008

Hein? Como assim?

Sempre que a gente comenta com alguém que estamos indo para a Suíça, a reação é a mesma. O "como assim" já se tornou até rotineiro. Então vamos lá, eu pedi para o Ênio responder a pergunta que não quer calar. rs. Segue texto do Ênio. Se preparem porque é longo.

O processo de seleção começou quando um recrutador garimpou meu currículo na internet e me ligou. Falou que era da empresa X de recrutamento e que tinha uma oportunidade para o meu perfil em Zurique, numa empresa de telecomunicações. Ele fez algumas perguntas sobre minha experiência, falamos da faixa salárial e ele me perguntou se eu teria disponibilidade para uma entrevista na própria empresa, em Zurique. Lembrando sempre que o recrutador profissional não cobra nada do contratado e, sim, da empresa. Não caiam no conto do vigário.

Confirmei meu interesse ao recrutador e enviei um email pra ele com a ultima versão do meu resumé, uma pequena carta de apresentação e uma frase, pedida por ele, com os motivos para me mudar do Brasil.

Uma semana depois ele me ligou e marcamos uma entrevista técnica por telefone. Comecei a dar uma estudada, relembrei detalhes dos projetos e pedi que um amigo (e ex-colega de trabalho) me enviasse perguntas que ele faria numa entrevista técnica. Treinei bastante, pensei em situações que poderiam acontecer para me sentir mais seguro para a entrevista.

No dia e hora marcados recebi a ligação. Primeiro me falaram sobre a forma de trabalho, a empresa e a vaga que estava aberta. Depois pediram que eu fizesse uma retrospectiva de minha carreira. Depois disso começaram as perguntas técnicas. Em uma hora e meia a entrevista estava encerrada e fui informado que em até uma semana receberia o resultado. Foi a entrevista mais pesada da minha vida.

Não deu tempo nem de ficar ansioso pelo resultado da entrevista, no outro dia o recrutador me ligou e perguntou se em uma semana eu poderia ir a Zurique para uma entrevista, falei que claro que sim e fomos atrás de passagens.

Comecei então a treinar para a "face to face interview", como eles disseram. Recolhi materiais na internet, eu e a Carol treinamos mais de 60 perguntas exaustivamente e também fiz uma semana de aulas particulares de inglês para colocar a fluência em dia. Isso foi fundamental. Foi uma entrevista pesada com a bambambam do RH de lá, a gerente do projeto e o coordenador técnico. Eu lá no meio e perguntas vindo de todo o lado. Sem a preparação eu teria sido comido com farinha. Consegui não ser pego de surpresa durante a entrevista.

Segue abaixo os links utilizados na preparação da entrevista:

http://www.jobinterviewquestions.org/questions/general-questions.asp

http://www.career.vt.edu/JOBSEARC/interview/questions.htm

http://www.jobinterviewquestions.org/questions/job-specific-questions.asp